Bem, confesso que saí da assembleia do dia 24 de maio desanimada e com a sensação de que fui enganada pelo governo. Era de se esperar que haveria a tentativa deste, em desarticular nosso movimento o mais rápido possível. Porém, ao refletir melhor, percebi que obtivemos muitas vitórias nesse movimento que fizemos: conseguimos abrir as portas para a efetiva criação de nossa carreira (com prazo determinado, pra que possamos cobrar o cumprimento), conseguimos mostrar pro governo, pra mídia, pras direções das unidades socioeducativas, pra Secretaria da Criança, pros internos…pra nós mesmos o quanto somos fortes, unidos e organizados. E assim, estamos caminhando para a tão almejada vitória por completo: a valorização da nossa carreira.
Gostaria de destacar o quanto me surpreendi com o amadurecimento do SIND-ATRS, que conseguiu organizar bem todo o movimento: formou lideranças pra criar representatividade de cada unidade, melhorou muito na parte de divulgação das reuniões/resultados, delegou tarefas, destacou-se nas entrevistas aos telejornais, conseguiu apoio no Legislativo, ganhou a confiança da categoria e mostrou saber bem qual seria a melhor estratégia da nossa missão. Assim como nós, ATRS, cansados de tanto descaso e desprezo, perdemos o medo das ameaças e retaliações e abraçamos a causa com sangue nos olhos, juntamos todas as forças e entramos na luta determinados a vencermos.
Conseguimos passar muito bem o recado: devemos ser respeitados, devemos ser ouvidos, somos uma categoria pequena em número, porém grande na responsabilidade e no impacto a sociedade. Queremos ter nosso devido valor e garantir também a nossa segurança e dignidade. Queremos conquistar melhores condições de trabalho e ter o reconhecimento da importância do nosso cargo no sistema socioeducativo.
Só quem convive com os internos sabe bem o quanto exercemos uma função de alto risco. Somos multiprofissionais, onde fazemos de tudo um pouco, seja na parte da segurança, da negociação, da resolução de conflitos, seja na psicologia, na saúde, na educação e na disciplina. A gente se vira do jeito que dá e com muito jogo de cintura a gente sustenta um sistema que a qualquer momento pode se desestabilizar. Não é qualquer um que tem coragem/perfil pra encarar nosso trabalho não. Lidamos com adolescentes e adultos que estão envolvidos nos piores problemas. Por mais que tentamos apaziguar a situação, exercer o papel de socioeducador, somos vistos por eles como “os do contra”, como os caras que estão ali só “pra atrasar a vida deles”. E é claro, somos nós que estamos com as chaves e cadeados nas mãos, controlando a liberdade deles, no cumprimento do nosso dever e da lei. E é por isso que devemos ter garantidos os nossos meios de nos defender de uma possível retaliação, fora da unidade.
Sim, quantas vezes já ouvi os internos zombarem do fato de os agentes não possuírem porte de armas…Quantas ameaças sofremos? Somos conscientes de que essas ocorrências são comuns ao nosso cargo, porém não podemos aceitar que o governo nos impeça de ter o direito de nos defender quando estivermos fora da unidade. Não somos policiais e nem queremos ser dentro desse sistema, mas a função que exercemos, por seu risco, nos leva a adotar postura e procedimentos que, por sua ostensividade gera uma medida de segurança no nosso ambiente de trabalho. Nós precisamos ter o direito ao porte de arma, fora das unidades, e a partir daí, caberá a cada um decidir se fará uso desse direito ou não, com muita responsabilidade, é claro.
Sou contra o armamento de uma maneira geral, sou pela paz, porém, infelizmente os bandidos estão cada vez piores e mais armados, então, por que não o servidor que trabalha com pessoas envolvidas em crimes/
Bem…vamos refletir sobre isso, sobre cada ação, sobre o nosso cargo, sobre nosso trabalho, para buscarmos a melhor solução possível. Parabéns a todos pela nossa união e vitória!
Por: Elen Lucena – Agente do Sistema Socioeducativo do Distrito Federal (com adaptações)
Brilhante explanação acerca da natureza da nossa atividade!!!
Parabéns colega. São pessoas como você que dão orgulho a nossa categoria.
Complementando a explanação da nossa colega Elen sobre a nossa função. Realmente, somos multiprofissionais, pois temos a incumbência de suprir as falhas de vários profissionais do sistema socioeducativo. Educamos, salvamos vidas, gerenciamos conflitos, somos praticamente heróis, lidamos com pessoas tomadas por vários conflitos externos e interno, com diferentes realidades e problemas sociais. São imediatistas e sem limites. São sujeitos ativos e passivos de violência, muitos com o livre arbítrio reduzido, sempre andando em um linha tênue entre a ressocialização e o ato infracional. E lá está o Agente Socioeducativo na linha de frente, aconselhando, tentando suprir um atendimento psicossocial falho. Somos praticamente como pais e mães adotivos escolhidos por um sistema socioeducativo. Sempre na luta, tentando resgatar os valores e os princípios perdidos ou implantar o que nunca existiu. Somos guerreiros para, em momentos de risco, salvar os socioeducandos como pais quando salvam a sua cria, tendo apenas o vinculo funcional. Levamos para escola, para cursos de profissionalização, hospital, para tirar documentos e entre outras atribuições inerentes aos pais. Lidamos com adolescentes sem nenhuma estrutura familiar e tentamos construir algo que praticamente nunca existiu ou que foi construído de uma forma distorcida. Tentamos convencê-los da possibilidade de se ter um futuro promissor e que a criminalidade não é uma forma de ascensão social e de poder, e sim, algo responsável pela sua restrição de liberdade. A nossa inteligência emocional é testada o tempo todo, temos que ser firmes para disciplinar, educar, impor limites, mesmo que muitas vezes sejamos ameaçados. Somos responsáveis pela educação que seus pais não conseguiram dar, e alguns casos, mudar uma educação deturpada pré-determinada, dificultando ainda mais o nosso trabalho de ressocialização. Temos a cada dia de trabalho, uma luta diária para mudar essa realidade de criminalidade, fazemos um trabalho árduo para retornar à sociedade adolescentes ressocializados e qualificados para o mercado de trabalho. Pela a nossa complexidade de atribuições e riscos somos dignos de receber melhorias de trabalho e um plano de carreira compatível com nossas atividades. Os agentes socioeducativos executam uma atividade de grande complexidade que afeta toda a sociedade, e a nossa categoria deve ser respeitada. Aprovação do plano de carreira JÁ!!
Boa tarde, è um trabalho àrduo, uma profissao muito perigosa lutar com esses adolescentes no dia a dia pondo a sua integridade fisica em risco.Sao seres humanos que vem de um lar desestruturado, desajustado, sem ter recebido educaçao familiar, escolar, sem moradia,alimentaçao, vivendo uma vida de misarabilidade. Os agentes têm o direito sim de portarem armas de fogo mesmo nao em serviços porque a qualquer momento podem sofrer um atentado contra sua pròpria vida.
Vem cá, com as duas explanações não dá para começar a se perguntar se o que estamos ganhando não está muito pouco para o tanto de atribuições, pouco reconhecidas? Plano de Carreira Já!
Os nossos Agentes foram extremamente pontuais ao evidenciarem a complexidade das nossas tarefas cotidianas.
Parabéns, Senhrores Agentes.
gostaria de dizer para os que não são a favor do direito ao porte de arma que poderíamos pensar como aquela máxima que diz: POSSO NÃO CONCORDAR COM QUE VOCÊ DIZ ,MAS VOU LUTAR ATÉ O ULTIMO SUSPIRO PELO SEU DIREITO DE FALAR. Estamos todos no mesmo barco e necessariamente alguns têm que utilizar o remo .
Na última terça – feira eu, assim como muitos agentes, estava na frente da CL para a possível derrubada do veto do governador ao nosso porte de arma. Me senti um palhaço naquele dia. O que políticos como Dr. Michel, Eliana Pedrosa, Joe Vale, Reguffe e outros que não me lembro por agora, fizeram com todos nós que estávamos lá foi uma palhaçada. Para os que não estavam lá, e não sabem do que estou falando foi o seguinte: Esses deputados já citados por mim, ao pedirem a palavra vieram com o discurso muito bonito que eram totalmente a favor à derrubada do veto do governador, e que estavam junto à categoria nessa luta.
Balela. Na hora da chamada nominal para verificação do quórum para se dar o inicio as votações da Casa, a única deputada presente foi a Celina Leão, os outros, inesplicavelmente sumiram do plenário e nós, mais uma vez, fomos ludibriados. Senhores deputados ano que vem nos lembraremos disso. Deputada Celina Leão, nos lembraremos de Vossa Excelencia também que é á única comprometida com nossa causa, obrigado Deputada.
Temos é que lutar contra as retaliações neste sistema. Recentemente fui injustiçado; removido de minha Unidade por não concordar com chefes que humilham o servidor (para ficar bem visto com a subsecretária) e cometem desvios de mercadorias no sistema. Se o Ministério Público não intervém, eles estariam sambando em cima do servidor até hoje. O MP afastou todos os três. Pau na mulera desses caras que vendem até a alma para o demo por um cargo comissão.